O PORTAL POÉTICO CCF é o meu "Recanto das Letras", o "My Space" Literario, o meu "Facebook" autoral. Aqui um "Overmundo" de textos "Para ler e Pensar", está a sua disposição. (M)ande-me (S)ua (N)ota, seu comentário. Sua Opinião sempre foi importante para mim. QUANDO ELA NÃO INFLOU O MEU EGO, CORRIGIU O MEU RUMO. Estou no aguardo da sua opinião em 2017, ok? Um abraço! Na foto, eu numa Celfie(Com "C" mesmo) ao lado do busto de Mario de Andrade. CCF
sábado, junho 07, 2008
SE VOLTAIRE VOLTASSE E AQUI VOTASSE
Um dos pensadores que mais me fascina, e que inclusive inspirou-me - como presidente da Casa do Poeta Brasileiro de Praia Grande-SP a criar como nosso principal evento cultural o Sarau dos Pensadores - em que todo mês homenageamos um grande pensador, é François-Marie Arouet ou como é conhecido, Voltaire.
O mais famoso filósofo da França e principal nome de um movimento que sacudiu a Europa e suas colônias no século XVIII, o Iluminismo.
Voitaire, numa época de reis devassos, religiosos absolutistas, intelectuais comprometidos e povo submisso, fez da literatura o chicote que açoitou a Realeza, a Igreja e demais segmentos da burguesia francesa. O que lhe rendeu inúmeros e dolorosos percalços.
O engajamento nas questões políticas o levou a transformar-se num educador social, missão que assumiu por toda a vida, e que o tornou alvo a ser atingido pela aristocracia e intelectualidade comprometida com a ditadura da época.
E é nesse aspecto, que trago para a sua reflexão, leitor, algumas máximas de Voltaire, que embora pensadas numa França de elevada corrupção, escândalos sexuais, fanatismo religioso, miséria social, no período de nascimento (1694) e morte de Voltaire (1772) e da Revolução Francesa (1789), servem para comparar com o momento no qual vivemos no Brasil de hoje.
Rei aqui não temos, mas o sistema, se bobearmos, se perpetua. Nossos políticos a cada dia se superam e mostram a verdadeira face. A linguagem de muitos formadores de opinião é desprovida do fator revolução e carregada do fator adesão e, na ponta final desse condão, está uma parte da nossa nação submissa ao assistencialismo oficial e religioso, como se não houvesse outra saída além dessa aparente benevolência.
Disse nos Voltaire: “Na França era preciso ser BIGORNA ou MARTELO. Eu fui BIGORNA”.
O Brasil precisa ter os agentes formadores de opinião no seu papel de Bigorna, tipo Carlos Lacerda. Hoje parece que todos estão felizes no papel de martelo. Sempre pregando o prego da servidão no peito do povo brasileiro, de acordo com as conveniências e interesses dos poderosos.
Poucos são os que, inteligentemente, ousam azucrinar o sistema com suas penas, tal como Voltaire o fez. Eu conheço dois que exercem com bravura a função de bigorna, mas é pouco, muito pouco e, por isso, os poderosos fazem a festa.
Ainda Voltaire: “A necessidade obrigatória de falar e o embaraço de nada ter para falar, são duas coisas capazes de tornar ridículo ainda mais o maior homem”.
No Brasil de hoje, a verdade é menos importante que a mentira. Aquele que mente ou se omite, diante da verdade dos fatos escorado em premissas, tipo “Eu não sabia”, “Eu fui traído”, “Ainda não fui julgado”, multiplicam-se, transformando os escândalos nos quais a grande maioria dos nossos governantes estão envolvidos em corriqueiras pizzas, que são digeridas a contra-gosto por uma parte da nossa sociedade, e de boa vontade pela outra parte.
Vejam essa: “O melhor governo é aquele em que há o menor numero de homens inúteis”
Como se mede um homem inútil?
Houve um tempo no qual se respondia prontamente: MEDICI de cima a baixo. Hoje, os que afirmavam isso estão no poder e se acham poucos, querem ser mais para deixar tudo dominado.
E essa: “A política tem a sua fonte na perversidade e não na grandeza do espírito humano”
Quem um dia precisou de um atendimento médico num hospital público sabe muito bem o peso dessa sentença.
Voltaire tinha cada uma: “Os reis são para seus ministros como os cornudos para as suas esposas, nunca sabem o que se passa”.
Nesse aspecto, os cornudos evoluíram muito desde a queda da bastilha, pois hoje, eles sabem, assumem e curtem os seus chifres. Só os reis; os da França, de Guaranhus e Piaçabuçu é que permanecem como os últimos a saber o que se passa nos domínios deles.
Não podemos desprezar a lógica de Voltaire: “Tenho maior confiança no desempenho de um homem que espera ter uma grande recompensa do que no daquele que já a recebeu”
E continuaram recebendo, pois esses encastelados no poder, dele não querem abrir mão e se acham perpétuos. Renovação não é uma prática constante e o continuísmo torna-se uma praga.
E é mesmo: “Um déspota tem sempre alguns bons momentos. Uma assembléia de déspotas nunca os tem”.
O que fazer?
“Pra que discutir com homens que não se rendem às verdades mais evidentes? Esses não são homens, são pedras!”.
E eu pergunto: Pedras pensam?
Vou terminar este reflexivo texto com três sentenças do magnífico filósofo Voltaire:
“Os homens erram, mas só os grandes homens confessam que erraram”.“Posso não concordar com uma só palavra do que dizes, mas defenderei até a morte vosso direito de dizê-lo”.“Se Deus não existisse, seria preciso inventá-lo”.
A inexistência de Deus nos daria uma responsabilidade que não saberíamos usar, o que nos levaria mais rapidamente à destruição.
Deus, de tão bom, está ao lado de todos, do vencedor e do vencido.
Se Voltaire voltasse e aqui votasse, antes de cumprida a sua obrigação eleitoral, repetiria sem medo de errar:
“Só há uma maneira de lutar contra o poder, é sobreviver-lhe!”.
Portanto, leitor, fique esperto. E no momento em que se encontrar de pé diante da urna, lembre-se de Voltaire:
“Esse monstro enorme e que se chama povo, e que tem tantos ouvidos e tantas línguas, mas ao qual faltam olhos”.
Abra os seus e vote, vote para sobreviver!
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Texto de abertura do SARAU DOS PENSADORES, promovido pela Casa do Poeta Brasileiro de Praia Grande-SP. Dia 30/05/09 5 DE JUNHO-DIA MUNDIAL ...
Um comentário:
Para Celso Corrêa de Freitas:
Adorei esse seu artigo.
Muito esclarecedor.
Descobri que também admiro Voltaire.
Gostaria de colocá-lo em meu Blog.
Posso?
Aguardo resposta.
Atenciosamente,
ritavelosa@bol.com.br
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