Conto de
Celso Corrêa de Freitas
“Inspirado e dedicado a alguns cães
que habitam o meu universo”.
Por volta
das 14 horas, Bilau começa a mostrar sinais de inquietações com os fogos de fim
de ano.
Ao contrario da sua companheira Xana, que se
limitava a andar pelo corredor, Bilau chorava e queria sair dali e ir para
frente da casa, para a varanda, onde seus donos se encontravam naquele momento.
O tempo
avançou rápido, por volta das 23:30 horas, Bilau estava insuportável. Não adiantava
pedir para ele ir para a sua casinha, ampla, fresca, e protegida do sol, da
chuva, aonde o barulho dos fogos chegariam com menos intensidade.
Foi ai que o
seu dono teve a ideia de colocar ele e Xana na casinha, fechando-a com algumas
tábuas e madeiras existentes na casa.
Não demorou
mais que 15 minutos, para que Bilau rompesse aquela barreira, e ganhasse o
quintal novamente, voltando ao corredor, e ali ficar chorando ao lado da Xana,
olhando para a varanda.
Seu dono
então decidiu por fim de uma vez por todas aquela situação, pegou o bujão de
gás que estava estocado na área reservada aos bujões, e que não estava conectado ao fogão, e o levou para a porta da casinha. Fez Bilau e Xana entrarem novamente na casinha, e
para completar o serviço, colocou a carcaça de uma tábua de passar roupa com a parte
metálica para dentro, e a parte dos pés
para fora.
Bilau
começou a tentar romper aquela barreira, mas não conseguiu...
A passagem
de ano chegou, e neste momento, Seu Marcos, dono de Bilau e Xana, já estava
deitado ao lado de Dona Etelvina, sua companheira, pois sua ideia era ver os
fogos do Rio de Janeiro de demais localidades do Brasil, pela televisão...
(...)
Bilau não se
dava por vencido diante daquela barreira, e inconformado batia com sua pata
sequencialmente na parte superior do bujão. Batia com força, querendo tirar da
sua frente aquela peça que bloqueava a entrada da casinha. Ele batia sem parar,
exatamente em cima da válvula de retenção do gás.
Tshiiiiiiiii, tshiiiiiiiii, tshiiiiiiiii, tshiiiiiiiii,
tshiiiiiiiii, tshiiiiiiiii, tshiiiiiiiii, tshiiiiiiiii, tshiiiiiiiii,
tshiiiiiiiii
Xana, que
até então estava calma dentro da casinha, incomodada com aquele tshiiiiiiiii
,
tshiiiiiiiii, tshiiiiiiiii, levanta-se e se mete por baixo da parte metálica da
tábua de passar roupa.
Ao ser
levantado, e no momento seguinte liberada com a passagem do corpo da Xana, por
baixo de si, essa parte metálica, cai violentamente, e ao chegar ao piso da
casinha, provoca uma faísca que...
(...)
BUMMMMMMM
Aquele
barulho, misturado à explosão de luzes e cores que vinham do foguetório que se
seguiu à passagem do ano de 2015 para 2016, encantou seu Marcos, que comentou
com dona Etelvina:
- Caramba,
os fogos estão bastante fortes este ano hem, nem parece que tem crise no País!
E dona
Etelvina, que já estava entrando em sono profundo, pois não parara um minuto
durante o dia, murmura, pensando que seu marido, falava do seu hábito de soltar
puns, antes de pegar firme no sono, murmura:
- Não fui eu
não!
Seu Marcos,
da um sacolejo na mulher, e fala:
- 2016
chegou muié, vamos comer, vamos comemorar, acordaaaaaaaaaaa trem!
E lá foram
os dois para a cozinha, onde uma mesa farta os esperava.
Comeram,
beberam, e voltaram para a cama...Naquele momento nem seu Marcos pensava na Xana, e nem dona Etelvina pensava
no Bilau. Eles queriam mesmo era dormir.
(...)
Seu Marcos
acordou cedo, pegou sua bicicleta, e foi até o mercado comprar pão. Ele não
dispensava um pãozinho francês no café da manhã.
Seus ouvidos
logo começaram a captar umas conversas, meio estranhas para aquela
manhã de ano novo:
- Caramba,
você ouvirão a explosão de ontem a noite?
- Nem me
fala, e aquele cogumelo que se formou?
- Aquilo que
era foguete!
Seu Marcos
pagou pelos pães, pegou sua bicicleta, e chegou à sua casa. Entrou, foi ao
quarto acordar dona Etelvina, e...
- Muié, as
cachorras estão quietas! Você já foi lá vê-las?
- Eu, eu
não!
- Vou lá dar
uma olhada.
Seu Marcos
toma o rumo da cozinha, chega ao corredor, e caminha para os fundos da casa...
(...)
Dona
Etelvina, é acordada pelo grito do seu marido:
-EEEEEEEEETTTTTTTTTTTEEEEEEEEELLLLLLLLLVVVVVVVVVIIIIIIIIIIINNNNNNNNNNAAAAAAAAAA
Ela corre em
direção ao funda da casa, e lá encontra seu marido, ao lado de um enorme buraco,
onde antes existia a casinha de Bilau e Xana.
Era entulho
para tudo que era lado. Não só daquele lado, mas também por sobre os telhados
dos vizinhos.
Quando a
desgraça parecia ser maior, eis que Bilau e Xana chegam por trás de seu Marcos
e Dona Etelvina.
No rosto de
cada um, naquele momento apenas um sentimento dedicado aos seus donos:
-FE(Au)LIZ
(Au)A(AuNO(Au) NO(Au)VO(Au)!
É, aquele
era um ano que começava com muito trabalho para o seu Marcos e Dona Etelvina.
- E
cachorrada doida, Feliz ano novo para vocês também!
“Não existem obstáculos, quando você
está decidido a sobreviver aos maus momentos, e transforma-los em novos caminhos
(CCF)”
FIM
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